50 Anos ESAS

Old Wine in New Bottles

(Vinho Velho em Garrafas Novas)

(istud est)

«E.S.A.S. – 50 Anos»

 “Proposição”: Esclareço desde já o uso da expressão inglesa apenas com base no sentido que a li (aquando do meu estágio pedagógico em 1979/80) em uma qualquer “Revista do Professor”. Comentava-se um novo método de aprendizagem da Língua Inglesa. Era mais um. Uma cabeça, talvez tida por iluminada, “inventou uma nova garrafa”, leia-se “método” para “engarrafar o velho vinho”, leia-se a língua em causa.

Escrevendo «Espalharei [a “e.s.a.s.”] por toda a parte // Se a tanto me ajudar engenho e arte».

“Invocação”: «E vós,  [“e.s.a.s.”] minha…//  Dai-me um som alto e sublimado // E Sempre em meu humilde escrevinhado, // Vos espalhe e vos cante no Universo:  

A «e. s .a. s.» tinha (e ainda hoje mantém) o seu quê de “mítico”. Tanto, que andei dois/três anos para entrar na escola “nova”. Quando me decidi, ajudado pela minha consorte, tive, não a sorte mas a Felicidade de lá encontrar a «e. s .a. s.» de sempre, humanamente falando.

Respigo de um texto escrito por 2005: «A “minha” escola é, ou melhor, era a “antiga” Alberto Sampaio. (…) A primeira coisa que li no DM de hoje, 6 de Outubro [de 2005] foi a notícia da inauguração da “nossa” nova ESAS. [Mas] é com muito prazer e com uma pontinha de orgulho que considero ter ajudado a construir intelectualmente a “velha” ESAS, afinal os alicerces sobre os quais assenta esta nova Escola Secundária Alberto Sampaio surgida das obras de requalificação. 

«É bom visitar o passado; mas sem lá ficar», terá uma vez dito o conhecido Júlio Isidro (não garanto palavras “sic”)..

“Narração”: Nesta escola por fim descansaram // As inquietudes por que tanto lutei, // Meus ventos nómadas terminaram // De minha nau as “velas apaguei”.

Pois bem, pego na ponta inicial da meada para reviver o meu passado na ESAS. Foi o ano lectivo de 1985/86 que acolheu o “meu baptismo” na «e. s. a. s.». Voltava a “vestir-me” de caloiro” em uma nova escola. Nesta, o dia 6 de Janeiro era “O Dia da Escola”; e a praxe mandava não haver aulas nessa data. Ora, o dito Dia calhou a uma segunda-feira. A minha primeira aula era logo às oito e trinta da “madrugada”, com a turma do 7º C, todos igualmente “caloiros”

Logo no início, “não estive com meias-medidas”; da minha secretária (uma mesa igual às deles) disse-lhes: “Se há-de vir alguém daqui a pouco dizer-nos para sairmos, então vamo-nos já!” A funcionária, do seu lugar, olhou-nos espantada mas nada disse. Foi na “velha” escola, bloco 1, rés-do-chão, sala 2. Não estou enganado! Fui agora mesmo verificar no horário.

 Esse primeiro ano (o de 1985/6) foi ao abrigo da então “preferência conjugal”. Logo no ano seguinte “cativei” lugar como efectivo. De lá saí apenas para me aposentar.  

“Dedicatória”: Ponho a cronologia de parte e dou a palavra ao sentimento. Vou recordar “ao sabor da corrente” o passado. E vou viver o presente da nossa Escola do lado de cá, da Vida de “um” aposentado! Faz, neste ano de 2022, vinte anos que dei a última aula (em 23/05) e que teve lugar o Jantar de Despedida (em 18/12).

 E vós, ó bem nascida lembrança // Da nossa antígua e perene Amizade // E não menos certíssima esperança // Na Maravilha fatal da nossa idade.

No mesmo ano que eu, aposentaram-se também os colegas Olívia Campos (que dizia “agora estamos na reserva territorial”). O Hugo (certo dia eu disse-lhe que tinha uma chávena de café oriunda do seu Cabo Verde com a palavra “sabe”; e ele esclareceu-me que no seu dialecto significa “gostoso”. O Hugo foi representado no jantar pelo Macedo: “a minha avó dizia que nos temperos se punha ‘assim’ uma pitadinha de sal. O Jaca (“Olha, há um colega nosso que colecciona chávenas, é o Pires).

Um a um, “foram partindo na barca de Caronte”. [Outros os antecederam. Estão bem “vivos” na nossa “e.s.a.s.” no nosso Pensamento. Têm assegurado o seu lugar de efectivos.]

Narração (Contin.)

Fez também parte dos aposentados no meu ano o funcionário administrativo senhor Martins; nunca mais tive notícias dele. (Espero que, se ele vier a ler este artigo, não vá ao meu registo biográfico registar aquele dia de Reis do ano de 1986 como “falta injustificada” e descontá-lo no tempo de serviço). 

Tudo isto está gravado no disco rígido do meu cérebro. Enquanto ele funcionar, e enquanto (ou, se) o rio da Vida, poluído pelas águas do Covid19, com o caudal aumentado pelos dois afluentes, Delta e Ómicron, mo permitirem, não deixarei de pensar na ESAS.

 “defacto” a Secundária Alberto Sampaio de Braga é uma escola de referência a nível local e regional; e ousa pedir meças para além de fronteiras mais alargadas. Tem uma revista de “peso”. A prevista publicação do número 30 virá dar valioso contributo às comemorações dos 50 anos da Escola.

Finalizo com um excerto da cobertura que o jornalista do Diário do Minho, Francisco Assis, fez no jornal do dia 20/01/2022: «As comemorações vão durar quase um ano (…). [Das] iniciativas, o destaque vai para o lançamento de um livro de memórias (Estou interessado na obtenção de um exemplar), um concerto, e uma conferência/reflexão sobre Educação, com personalidades, entre elas Sampaio da Nóvoa, ex-candidato a Presidente da República e sobrinho trineto de Alberto Sampaio, patrono da Escola». 

                                                       Bernardino Costa

Prof. Aposoentado – 9º Gr.